Canto Negro
Medo e engano
Mais um negro
No canto escuro
de um camburão
A raça é o ponto
O alvo do Estado
O corpo na mira
Morador de favela
O jovem no baile
Que dança bonito
A mulher das lutas
Firme na vida
Firme nas coxas
Bambeia e não cai
e o branco não sabe
o segredo do samba
não conhece mironga
nem os quindins de iá iá
Tem pálidos deuses
que não sabem dançar
levantaram a chibata
a espada e o fuzil
Te querem dócil
Temem tua raça
Capitão do mato
auto de resistência
marcas e histórias
tua força resistiu
à máquina de morte
movida à sangue
de negros e pobres
que se chama Brasil
* Henrique Glück
Bravo )0(
[…] Canto Negro 13 de agosto de 2013 […]