Das Lutas
Coletivo Autônomo de Mídia
Outra forma de entender, vivenciar e gerir a educação
Categories: Para seguir lutando

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Neste momento que reúne alegria popular por certas conquistas e continuidade de outros tantos enfrentamentos, percebemos que os intensos movimentos das ruas produzem, mais do que rachaduras, novas possibilidades de proliferação constitutiva, grito e mundos juntos.

Em parte, este parece ser o caso da manifestação dos professores. Digo ’em parte’ por que em várias manifestações ficou claro que os professores agem muitas vezes contrariando algumas ordens dos sindicatos. Eles se opuseram a uma série de apelos institucionais que partiram tanto dos governos quanto dos próprios sindicatos, quando estes responderam às demandas dos professores com negociações paliativas. A recusa do aumento de salário como única forma de atender toda a pluralidade de demandas que partiam dos professores parece ser o exemplo mais claro disso. Podemos citar também os constantes embates públicos (via facebook, por exemplo) entre uma parte que trabalha em prol de sindicatos mais centralizados e professores militantes que desejam bem mais que pequenos ganhos classistas. Eles dizem claramente que se trata de uma outra forma de entender, vivenciar e gerir a educação. Isto está na pauta dos professores, e eles insistem corajosamente em sua construção.

A greve se mantém, e é por esta outra educação que eles lutam. Uma educação onde o resultado não seja contabilizado simplesmente como aumento ou diminuição de investimentos, onde aprender não esteja submetido aos objetivos imediatos de mercado, onde o processo pedagógico esteja aberto  à alteridade dos saberes e das vidas.

Dissemos acima que se trata de um momento em que grito e mundos estão juntos – ou seja, reivindicação radical e outras formas de viver reais -, porque a potência desta greve não é só exigir as velhas melhorias em educação, é pleitear outro espaço, é construir, a partir do estado atual das lutas, um conjunto de condições materiais que nos precipite  novas formas e forças. Enfim, uma educação que, no limite da borda temporal que constituímos nas diversas manifestações, irrompe a invenção material de relações e instituições populares e autônomas.

*Por Ricardo Gomes – Das Lutas

2 Comments to “Outra forma de entender, vivenciar e gerir a educação”

  1. Republicou isso em reblogador.

  2. […] entra num novo patamar de luta. Após mais de um mês de movimento grevista (que demonstrou-se para muito além de meras questões corporativas e salariais), que colocou o confronto entre o trabalhadores e o estado em uma nova configuração — com […]