Das Lutas
Coletivo Autônomo de Mídia
A população perdeu o medo!!

1381170_576535535715241_809774311_n

* Por Das Lutas

A população perdeu o medo! Esta é primeira e fundamental evidência que se pode tirar da manifestação de ontem. Foi somente quando a PM, de maneira absolutamente arbitrária e violenta, tentou deter a movimentação é que se iniciaram os confrontos. E apesar de toda a força desproporcional da polícia, a resistência durou bastante tempo. A outra boa notícia é que as manifestações estão cada vez menos genéricas, mais organizadas e resistentes.

O contingente da PM durante as manifestações é cada vez maior e cada vez mais violento. Isso fica evidente nos vários vídeos em que eles espancam manifestantes sozinhos, moradores em situação de rua, mulheres,  em jornalistas independentes e em advogados. Em quase todos estes vídeos, é evidente o desprezo dos policiais em relação aos apelos da população e a tranqüilidade com a certeza da impunidade.

As armas utilizadas são inadequadas para lidar com manifestações: não é mais segredo o uso do gás azul, das bombas de gás e de efeito moral com validade vencida, além do uso de armas de fogo. Sem falar ainda na destruição de equipamentos eletrônicos, apreensão ilegal de máscaras e óculos de proteção, assédio moral e sexual, dentre outros crimes que chocariam qualquer autoridade legítima.

Ontem, vimos se repetir o que havia ocorrido em 17 de junho, quando houve a ocupação da ALERJ. Policiais dispararam contra a população. Há notícias seguras de pelo menos dois feridos por munição letal. Não se trata de despreparo. Este é o procedimento que o Estado adota para lidar com as manifestações: querem determinar quem pode fazer o que nas ruas. E discordar significa detenção arbitrária, porrada, gás, e, no limite, significa levar bala. “Descer o aço”, como ameaçou um oficial ontem.

A PM está realmente começando a fazer nas ruas o que ela faz nas favelas. Este é um sinal de que o único encontro dos manifestantes com o Estado se dá pelo encontro com a PMERJ, uma das forças policiais mais violentas do mundo e que tem carta branca para agir.

Nas ruas, a experiência prova: a voz da PM é a de quem acha que o outro só serve para obedecer. Diante de um policial que me mandava ir para casa, em tom nada amigável – ao contrário, era o tom de quem se acostumou a definir a exceção – respondi que tinha o direito de me manifestar. Em resposta, a frase – “vá para casa” – foi ganhando tons de ameaça. Esta mesma ameaça usada para “pacificar” as comunidades mais pobres.

A arbitrariedade da polícia tornou-se ainda mais grave, na medida em que avançava a noite. Foi quando passaram a prender as pessoas que estavam nas escadarias da Câmara. Pessoas que estavam apenas cantando, depois de algumas horas de perseguição. Foram três ônibus para levar todas as pessoas

E até o momento, nenhum órgão oficial do Executivo se pronunciou sobre qualquer um destes absurdos. A manifestação da Ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, é tão ineficaz quanto a prisão administrativa do PM que agrediu o motorista de ônibus. Apenas efeito midiático, mas sem qualquer ameaça ao consenso e ao acordo estabelecido entre o governo do Rio de Janeiro e o governo federal (para garantir a grana da FIFA e outras empresas).

Mais uma vez, será a multidão das ruas que libertará os presos políticos.  Ela demonstra que não irá deixar essa luta para trás. O impeachment do governador Sérgio Cabral será votado dentro de poucos dias pela ALERJ. Não esperamos surpresas. Contudo, a corja que vampiriza a Casa nos dará mais uma oportunidade para mostrar que estamos atentos. Sabemos que o silêncio  e o vazio diante da violência é uma estratégia. Deixar a PM como o único recurso para lidar com as manifestações não é casual. É a tentativa evidente de destruir as forças insurgentes da cidade do Rio.
Resistir!!!

1 Comment to “A população perdeu o medo!!”

  1. […] * Por Das Lutas A população perdeu o medo! Esta é primeira e fundamental evidência que se pode tirar da manifestação de ontem. Foi somente quando a PM, de maneira absolutamente arbitrária e violent…  […]