Das Lutas
Coletivo Autônomo de Mídia
Professores grevistas expulsos do projeto Ginásio Experimental Carioca
Categories: Para seguir lutando

2013-08-14 10.56.21

Após a greve dos professores da rede municipal do Rio de Janeiro, realizada entre os meses de agosto e outubro de 2013, alguns professores grevistas que atuam em escolas participantes do projeto Ginásio Experimental Carioca passaram a sofrer perseguição por parte dos gestores nas escolas. Práticas como humilhação e assédio moral são relatadas em pelo menos quatro das escolas experimentais. A carta a seguir foi escrita por um professor da rede e apresenta um relato da situação de dois professores que após serem perseguidos, foram expulsos de uma dessas escolas.

“Este ano de 2013 foi marcado por mobilizações populares que tomaram as ruas e levantam não apenas bandeiras, mas a autoestima dos trabalhadores brasileiros. Neste contexto, os profissionais de educação do Rio de Janeiro construíram uma greve histórica, que terminou deixando também um legado de vontade de transformação. No entanto, em conjunto com o florescimento das lutas, veio também a repressão. Primeiro dos governantes através das ameaças e cortes de pontos ou diretamente através de seus braços armados: a polícia militar e a guarda municipal. Agora através dos “gestores”, diretores de escola, que adotando a política administrativa destes governos, usam de medidas autoritárias para reprimir, humilhar e assediar os profissionais que participaram destes movimentos. Esta repressão se efetivou através das estratégias de reposição impostas como punição e agora com o expurgo de professores de escolas por motivos políticos. Venho através desta carta, denunciar o expurgo de dois professores, Leonardo da Silva Coreicha e Lélis Mota Xerém, da Escola Municipal Malba Tahan, participante do projeto Ginásio Experimental Carioca. O motivo: serem professores críticos. Só a expulsão de dois grevistas, por motivo político já se configuraria em crime de assédio moral, mas o contexto de tal expulsão agrava o fato. O ato de expulsão é anunciado após o fim do processo de remoção e um dia antes do fim do ano letivo, com a intenção de impedir a mobilização e até a reestruturação da vida dos professores. Também é feito após uma festa de confraternização, causando mal estar psicológico e até físico aos presentes. O dano moral é explícito e nauseante. Não podemos nos curvar perante os discursos proferidos pela direção da escola, de que os professores devem concordar com tudo que é nos imposto pela Secretaria de Educação ou por pseudo-gestores intermediários, os mesmos não compreendem que estão a serviço da cidade do Rio de Janeiro e não de um governo. Temos o direito democrático de expressar nossa opinião e direto moral de expô-la em qualquer meio de comunicação, pois o diálogo é a chave mestra da democracia. O discurso burocrático com chavões da ideologia liberal também é usado para criar intimidação aos profissionais, impondo uma gestão burocrática-ditatorial e supostamente acrítica, seguindo ditames da “gestora do projeto” Ginásio Carioca, Heloísa Mesquita, que insiste em dizer que professores críticos ou que gostam de estudar não fazem o perfil deste projeto. Se o professor que é formador de opinião e é responsável pela educação de nossas crianças não pode ser crítico, logo esta gestora quer a imposição de uma antieducação voltada para a inércia e a aceitação pacífica da ditadura de uma minoria letrada e autoritária. Defender isto é defender o fascismo”.

2 Comments to “Professores grevistas expulsos do projeto Ginásio Experimental Carioca”

  1. Aparecida G says:

    A gestão municipal do Rio de Janeiro, toda ela é fascista.

  2. Aparecida G says:

    Nós funcionários, estamos vivendo isso em todas as Secretarias, sem exceção! Infelizmente a grande maioria prefere permanecer na zona de conforto, e quem ousa questionar algo, está sofrendo todo tipo de punição.
    Parabéns a classe dos professores, porque tem sido a unica a manifestar-se publicamente.